quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O Sim...

Conheci a L. quando esta veio trabalhar para a mesma empresa que eu. Vi a L. namorar, vi a felicidade dela quando ficou noiva e discretamente tocava no anel nos intervalos, vi o sorriso para ela mesma, de quem sabia um segredo só dela.

Vi a L. sentir o nervoso miudinho e também soube ver (porque me chamaram a atenção - lá está o tal 6º sentido das gajas) quando as dúvidas lhe assomaram, porque até entãoa aquilo parecia "perfeito"!Não Vi a nuvenzinha negra que lhe pairava por cima da cabeça (que alguns diziam existir), quando começou a pensar no passo que ia dar. O sorriso mais conveniente quando todos a congratulavam, de quem não queria deixar transparecer que talvez não tivesse a certeza que era "aquela" pessoa com quem queria estar para a vida.

Ouvia-a falar sobre a escolha do vestido de noiva, o cuidado em combinar os sapatos, o carinho a fazer os convites. Mas vi também a aproximação a outra pessoa. O sentar ao lado, a procura de posições próximas, o discreto tocar na mão, os olhares, as piadas parvas.

A L. decidiu casar e manteve-se fiel à escolha que fez, ao compromisso que assumiu. Encarou tudo sempre sem dizer nada. Mas nem foi preciso, a certa altura, já era visível para todos.Pensei sempre qual seria a altura em que ela fosse meter o pé do outro lado da cerca (ou até mesmo pular a cerca), mas se o fez ou não é uma incógnita.

Hoje a L. parece-me estar feliz. Está mais madura, mais experiente, com mais objectivos e mais certezas. Embora saiba que ela pode ter sentido muitas coisas, ela não deixou o que já tinha construído para trás. Mas, enquanto fumávamos noutro dia, consegui vislumbrar por segundos que o passado não é tão passado assim. E que o "bichinho" continua lá.
Terá sido coragem? Ou cobardia?

1 comentário:

  1. Engraçado, eu ja tinha lido este teu texto antes.
    A L. não se sente completa, a L. caminhou por onde todos nós caminhamos, pelo comodismo. Pelo caminho mais fácil.

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