terça-feira, 28 de setembro de 2010

Elas e a Prisão!

Marta Martins Silva...
É quem está de parabéns por uma reportagem como já há muito não lia...
Interessante...
Envolvente...
Verdadeira...
Crua...
Simplesmente BRI-LHAN-TE!!
Nunca me tinha passado pela cabeça e desconhecia (por completo) a realidade destas mulheres que entregam a vida a quem se encontra atrás das grades porque "o amor" assim o "obriga"...
Dou-lhes o devido valor... gabo-lhes a coragem, sacrifício, capacidade de adaptação...mas...infelizmente (como em muitas coisas na vida), perdeu-se...algures...o limite do bom senso...a distinção entre o certo e o errado...
Não vou fazer juízos de valor (até porque a bata preta não me fica bem), mas mais uma vez não poderia de deixar aqui a minha opinião...que vale o que vale, mas que para mim tem todo o valor, visto ser...a minha...
Esta reportagem retrata a vida (ou a sobrevivência) de mulheres que têm os maridos, namorados, companheiros presos e que se dedicam ainda assim...por completo a estes!
Vou aqui apenas colocar alguns excertos do que realmente me marcou e que retive de toda uma reportagem bastante bem escrita e muito bem elaborada...
Desde filhos que foram concebidos na prisão, durante visitas, "onde o filho mais velho - com 10 anos - aguardava ali ao lado", enquanto o pai - presidiário - dava uma queca na mãe (que previamente já levava uma saia "para facilitar o acto") e que "não se apercebia de nada...pois...encontrava-se a desenhar"! Sobre isto só tenho um reparo...eu lembro-me de quase tudo quando tinha dez anos e como é óbvio, não acredito que um rapaz desta idade, possa não se ter apercebido do que os pais faziam, numa sala minúscula...assim...aos seus olhos...aqui começamos já com um big NO! NO! NO!
Fodasse...eu até aceito que quem esteja preso, possa ter algumas condições (ainda que PS3 e coisas do género já me pareçam exageradas), mas o que eu não fazia a mínima ideia é que se um recluso não tiver direito a precária...pode fazer "acontecer o amor" com a sua companheira na própria cela! Estranho?! Hummmm... Macabro! Mas são as leis que temos e o país em que vivemos... Não! Não quero saber se na Holanda as prisões parecem hóteis, apenas me interessa que quem está lá dentro, deverá pagar pelo "mal que fez"...e esse pagar incluí não retirar o total proveito da vida, para além da liberdade em si... Desta forma, duvido que esteja a servir de "castigo"...
Assim de repente tenho que mencionar, aquele senhor que foi multado por conduzir o burro bêbado (o alcoolizado era o senhor não o burro...) e que dizia para a câmara de televisão que jamais pagaria a multa de uns quantos milhares de euros...porque se o quisessem prender, que o fizessem! Pois assim tinha "cama, comida e roupa lavada!"...para além de ter ameaçado "beber o vinho todo da prisão!", o que não duvido, mas que espelha o que para alguns é a ideia de prisão: que-até-não-é-assim-pior-de-todo...tendo em conta a crise em que estamos!!
Não necessito de ter um mestrado em Psicologia para perceber que dizer aos filhos que o pai "está preso na tropa", "no hospital" ou num sem fim de locais que nada se assemelham ao que realmente é uma prisão, seja uma boa tentativa de "os proteger", pois será uma questão de tempo até perceberem por si sós, que nos hospitais os médicos não andam armados e que na tropa não ficam lá tanto tempo... enfim, percebo que possa ser uma dura realidade que queiram contornar...mas não será de todo a melhor maneira de o fazerem...ainda para mais quando estamos a falar de miúdos com 8/9/10 anos...
Marcou-me também uma senhora, já na casa dos 50, que visita o marido (companheiro de décadas) que já se encontra há 10 anos preso e que apenas soube que algo estava errado, quando lhe reviraram a casa ás tantas da madrugada, mas que ainda assim (10 anos depois), garante que não falam sobre isso...acha que é por droga, mas nunca tocaram neste assunto!.
Aqui só me faz levantar a questão é se independentemente da razão porque se é condenado (drogas, armas, homícidio, pedofilia), a estas mulheres isso nada importa, pois o "amor" superará tudo?! I don't get it... =/
- Uma rapariga de 19 anos que já meteu os papéis para se casar na cadeia...
- 500 cartas guardadas, tem a mulher de um recluso, que este escreveu para as filhas...
- A forma como telemóveis e outras coisas são possíveis de entrar na cadeia..ora através de uma guarda prisional "a quem se deu um cão"...ou a "outro que se deu uma caneta de ouro"...
Enfim, um sem mundo de histórias, cada qual mais real que a outra, que retratam vidas de sofrimento (consentido e consciente...ou não), mas que tem rostos por detrás das palavras que lemos...
Em jeito de resumo, esclareço que não tenho nada contra as condições que as prisões fornecem (até porque não sei se algum dia vou lá parar...lol...brincaaaar... só para aliviar o clima deste assunto) e que sou apologista de terem condições humanas dignas e de respeito, mas se alguém lá está dentro, foi porque algum mal fez...a si, a outros, mas alguma coisa teve que ter feito...e não me parece que o preço "justo" seja um sem mundo de facilidades e "luxos" que outros - a quem foi tirada a vida, por exemplo - já nunca poderão usufruir...
Nestas mulheres percebo que a palavra "amor" pode ter uma dimensão gigantesca e aqui sim capaz de aguentar TUDO E TODOS...e não de uma forma platónica, mas sim...REAL!!
"Se lhe perdoo os 12 anos de ausência?
Perdoo. Porque eu sofri muito mas ele sofreu mais."
Será?!

8 comentários:

  1. E para quando um programa sobre a perspectiva das vítimas? Como vivem as suas famílias actualmente, o que determinado crime alterou as suas vidas, etc.?

    Por exemplo, o Sr. Carlos Cruz foi considerado culpado por profissionais que não chegam a juízes sem mais nem menos, nem sequer foi preso (nem sei se virá a ser)... e alguém fala nas vítimas? Não, falam do dito senhor e em como têm pena dele, e que não acreditam, etc., etc. (só dei este exemplo, por ser um caso tão recente).

    "Enquanto houver tanta benevolência, creio que as pessoas continuarão a errar, pois o crime, por vezes, até compensa" (frase de um polícia para mim e para o meu marido, da última vez que fomos assaltados).

    Beijos... desculpa lá o desabafo

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  2. Bom dia António, é por isso que nunca considerei seguir Psicologia Desviante. Não consigo ter ou sentir qualquer empatia pelo mundo da prisão. Lamento pelas familias, sim, mas nem sempre pelas vitimas. E lamento sobretudo pelas crianças, que não têm qualquer culpa nem pediram para viverem aquela situação em particular, por muito amor que haja.
    Beijinhos e um bom dia de trabalho para ti,Sofia

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  3. Só para que conste o Sr. Carlos Cruz esteve Preso 15 meses...

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  4. Pois eu acredito em formas de amor patologico, que apesar de serem incompreensiveis para a maioria nao deixam de ser uma doenca como muitas outras...Principalmente acredito na palavra reinsercao social (coisa que no nosso pais nao existe) e que podia ser um gigantesco passo para que a realidade das prisoes fossem bem distintas!

    Agora nao tenho duvida que esse amor patologico 'e sem duvida a base de uma familia disfuncional que acarreta varios problemas para todos os que habitam o seu seio...

    Bjs

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  5. Mafalda S.:
    é exactamente para isso que este blog também serve...para cada qual, para além de mim, desabafar e dizer tudo aquilo que pensa, por isso..não tens nada que pedir desculpa!
    Eu é que agradeço deixares aqui a tua opinião...
    E sobre o que disseste sobre o Carlos Cruz...é a verdade..pura e dura e sem dúvida que cada vez mais...o crime compensa! =(
    beijo

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  6. Sofia:
    É curioso que essa foi uma das vertentes da Psicologia que sempre me seduziu...o que tentar "compreender" as mentes e comportamentos por detrás das grades...mas como dizes...e bem..."Lamento pelas famílias, sim, mas nem sempre pelas vitimas"...
    beijooo

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  7. Rui Soares:
    Mas sinceramente não estou a ver a esposa a "fazê-lo" numa cela...digo eu... =S

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  8. Mrs. DaCosta:
    Quanto a isso eu também não tenho dúvidas Sara, agora resta saber é se eles próprios terão interesse em serem reinseridos socialmente ou qual a interpretação que tem disso...porque acredito que não seja a mais correcta!
    Agora esse amor patológico, pode realmente ser a resposta para o que para mim é mesmo...incompreensível... =/

    beijos

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