terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O Cherba

"Cherbakov" (na foto - o verdadeiro) foi o nome que sempre chamámos a um senhor que tinha uma papelaria mesmo junto à escola onde andei "meia vida".
Era paraplégico e por causa do jogador de futebol do Sporting que tinha o mesmo "problema", acabámos por o apelidar (nunca no sentido pejorativo) com esse nome. Era mau e ruim como as cobras (ou talvez pior...). Mal disposto, mal educado, sem perfil nenhum para estar atrás de um balcão e talvez porque era um revoltado com a vida, nunca o vi sequer sorrir.

Existiam todos os motivos e mais alguns para não gostar dele (afinal ninguém gostava) e a antipatia que tínhamos por ele era gigante, mas como na altura era o único sitio onde podíamos comprar cigarros avulso (sim, porque ele apesar de sermos menores, vendia cigarros a 0.20€, pois na altura dinheiro para maços não havia =/ ) acabávamos sempre por lá ir parar.

Desde o "não mexam aí" se ousávamos tocar numa revista, ao "vamos lá acabar com o barulho" se falávamos um bocado mais alto ou até mesmo "ao todos lá para fora" se nos ríamos do quer que seja, o mau humor do Cherba estava sempre em altas!!

Ontem quando ía beber café, calhei a passar em frente da dita papelaria (sitio onde não vou se calhar há mais de dez anos) e lá estava o senhor a tentar entrar para o carro...uma coisa super normal, não fosse estar a chover a potes e ele (por qualquer razão) não estar a conseguir entrar no mesmo. Parei aí uns dez segundos a olhar para ele e a tentar perceber o que se passava, mas a única coisa que percebi foi que ele REALMENTE não conseguia entrar no carro!!

Se tive dez segundos a perceber o se estava a passar, tive uns 5 segundos a pensar o que devia fazer, mas na verdade, a consciência falou mais alto e lá saí eu do carro (a chover TORRENCIALMENTE) para tentar ajudar o Cherba. Mal cheguei ao pé dele (e já eu estando a escorrer água), olhou para mim por detrás daqueles óculos molhadíssimos e disse-me (sem eu lhe ter dito ainda nada): "Não preciso de ajuda!".

E pronto, em um segundo, veio ao de cima o pior do António e entre c@r@lhadas e mais umas quantas coisas que lhe disse (nada bonitas de aqui serem transcritas), o que me aborreceu mesmo foi ter-me encharcado para ajudar alguém (que pelo seu passado, nem sequer o merecia) e depois diz-me aquilo quando eu o ía A-JU-DAR!!

Eu até posso compreender que as pessoas paraplégicas tenham algum tipo de complexidade em termos de independência, mas aquilo não é o caso, aquilo é mesmo é FALTA DE EDUCAÇÃO!!!
E juro que numa próxima, nem que chovam calhaus ou se aproxime um tsunami (quer dizer em Évora é capaz de ser complicado, não? =p ), não vou sair do carro!! Chega de me armar em bom samaritano quando as pessoas não o merecem!! Está de chuva?! Que se foda...compre um guarda chuva maior ou espere que pare de chover, agora ajudá-lo...zero!!

E pronto, tinha apenas que vos contar esta história...que prova que o António até é boa pessoa, mas que não consegue lidar muito bem com a falta de respeito e gratidão...
E se acredito que uma pessoa paraplégica sofra bastante pelas limitações que tem, há que saber fazer a distinção entre o que é feitio e o que é o "fatal destino" da vida (e viver numa cadeira de rodas o resto desta)...

E o "mal" do Cherba não é ser paraplégico é mesmo é ser ESTÚPIDO!! =/

4 comentários:

  1. Ehhh António....! Já sabias que o sr. era de gancho. E ele não foi mal-educado.. Só faltou o "obrigado".

    Gostei de ires lá :)

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  2. Pocahontas na Cidade:
    Já eu não posso dizer o mesmo...arrependi-me mesmo de ir lá... =/

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  3. E o "mal" do Cherba não é ser paraplégico é mesmo é ser ESTÚPIDO!! =/


    +1 grande post;)

    ruca

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  4. antonio:

    Obrigado pela tua visita amigo!
    Abraço

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